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BRASILIA 50 ANOS

  • lhrocha
  • 4 de dez. de 2009
  • 3 min de leitura

BRASILIA 50 ANOS

Nasci em 1961, praticamente junto com a cidade de Brasília e meus primeiros anos de vida foram uma mistura de novidade e descobertas.

Novidade para minha família, pois sou o último de sete irmãos cujo mais velho tinha 24 anos a mais do que eu e as descobertas, estas ficavam por minha conta, a de descobrir um novo mundo, cheio de diferenças, de pessoas novas e até de contrariedades.

Não muito diferente da cidade de Brasília pois esta vivia a novidade de levar ao cerrado a efervescência administrativa de quase 500 anos e assim se descobrir como uma nova mas sem sombra de dúvidas sedutora e a mais importante das cidades administrativas de nosso imenso Brasil.

Quando eu tinha pouco mais de três anos de idade, lembro de que tudo, de uma hora para outra se tornou escuro, as pessoas falavam baixo, o rádio, que naquele tempo era em amplitude modulada (AM) só transmitia notícias [...] tudo parecia diferente, em casa meus pais e irmãos cochichavam e lembro que o Alaor, meu irmão mais velho teve de ir embora, parece que ia "trabalhar" em Porto Alegre, mas tudo era estranho, diferente... ele tinha saído de Caxias em um trem, carregado de cebolas. Que coisa chata.

Era 31 de março de 1964 e o Brasil entrava em uma de suas fases mais obscuras e com fatos até hoje sem explicação. De um dia para o outro, a jovem cidade transformou-se em palco de atrocidades, de censura e com pouco mais de três anos de idade, Brasília, de uma hora para outra se tornou escura, as pessoas falavam baixo, o rádio, que naquele tempo era em amplitude modulada (AM) só transmitia notícias [...] e tudo estava diferente.

Lembro do jornal que meu pai, seu Alzemiro comprava, era o Correio do Povo e eu, claro, não sabia ler, mas lembro da imagem em preto e branco, que ainda tenho gravada em minha retina, a imagem de um prédio imponente, quase todo de vidro, parecido com a letra "H" e com duas "frigideiras" ao lado. Uma na posição normal e a outra "emborcada". Era estranho, mas era lindo.

Quando eu acompanhava o Seu Alzemiro ali no Mercado Público, onde hoje está situado o chamado "Postão", bem ao lado do corpo de bombeiros eu ouvia as "charlas" dos mais velhos dizendo que um tal de Oscar, que consideravam um "lunático" teria se aliado com um Presidente sonhador e feito uma cidade no meio do nada. Mais tarde descobri que o tal de Oscar, o tal lunático era o Niemayer e que o tal de "Presidente sonhador" tratava-se do Juscelino Kubitschek.

Em 1975 eu, com 13 para 14 anos desfazia minhas primeiras amarras da infância, passando precocemente a ter as atribuições de um adulto e Brasília, ela seguia imponente, ainda uma jovem cidade, mas com a responsabilidade e as atribuições de uma cidade contemporânea e na metade da década de 80, eu alcançava a maioridade plena e já casado imaginava ter filhos e seguir meu caminho. Brasília não era diferente, ela abrigava os principais tribunais brasileiros e já se tornara independente, quase adulta para uma cidade. Seus primeiros "filhos" já exibiam orgulhosamente onde nasceram e em breve teria seus primeiros profissionais, suas primeiras mães, sua segunda geração.

Passou a década de 80, a de 90 e cá estamos, quase entrando nos anos acima de 2010 e eu com quase 49 anos fui brindado pela Faculdade da Serra Gaúcha a ir onde? fui brindado pela FSG para ir lá, exatamente lá, naquela cidade que cresceu comigo, que viveu as mesmas aflições que eu e que teve as mesmas vitórias que eu, que tem a idade quase igual a minha, mas que com certeza irá durar por uma eternidade, diferente de nós que somos meros passageiros de nosso próprio tempo.

Em novembro de 2009 vi tudo aquilo que eu já conhecia, pisei no solo que eu vi sendo formatado, subi a elevada onde Presidentes e autoridades mundiais de todas as áreas já subiram, fui recebido no Plenário do Senado e pisei naquele mesmo tapete azul que sempre observei a distância, circulei pelos locais onde Tancredo Neves, Ulisses Guimarães o Senhor Diretas), Paulo Brossard de Sousa PInto, Teotônio Vilela (o Menestrel das Alagoas), e outros tantos circularam, compartilhei do mesmo espaço onde são julgados os mais importantes atos de nossos governantes, onde são decididos os caminhos de brasileiros e brasileiras e até dos que não tem nossa nacionalidade.

Eu estive lá e agradeço isso aos Mestres Cristina LAzzarotto Fortes e Adriano Tacca que nos conduziram com maestria e responsabilidade.

Luiz Henrique da Rocha 04/12/2009


 
 
 

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