A PRESERVAÇÃO AMBIENTAL E A DIGNIDADE HUMANA
- lhrocha
- 24 de jul. de 2009
- 3 min de leitura
A PRESERVAÇÃO AMBIENTAL E A DIGNIDADE HUMANA
A idéia de que a dignidade humana deve ser preservada a qualquer custo, se torna pouco compreendida se vinculada à idéia de vida humana e a preservação da espécie. Aliando este pensamento ao de que protegendo o meio ambiente poderemos causar prejuízo ao ser humano e violar a dignidade humana entraremos em um estreito e tortuoso caminho.
A preservação absoluta dos direitos dos humanos envolvendo a dignidade humana demonstra a idéia do homem como referencial único ao tratar as coisas no mundo. O fato de o homem se considerar o centro do universo é reflexo da história da humanidade. É quase genético.
Ao nos questionarmos sobre a quem pertence a terra, simploriamente poderemos dizer que ela pertence a quem chegou primeiro, ou aos seres mais numerosos que a habitam e facilmente diríamos que ela pertenceria aos microorganismos - bactérias, fungos, vírus - pois constituem 95% de todos os seres vivos.
Nas palavras do biólogo E. Wilson “um grama de terra contem cerca de 10 bilhões de bactérias de 6 mil espécies diferentes”. Assim sendo todos estes têm mais direito de posse da terra do que o bicho homem, seja por sua ancestralidade, seja pelo número seja pela função de garantir a vitalidade do planeta.
A pretensa superioridade humana não estaria na capacidade de extrair vantagens para si das coisas ao seu redor, incluindo os outros humanos, o que, aí sim, provocaria violação à dignidade humana, pois trataria humanos como meros meios, mas de identificar o valor inerente de outros seres e cuidá-los.
A saída visualizada neste momento é o chamado desenvolvimento sustentável, que foi definido pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, criada pelas Nações Unidas como o desenvolvimento “capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações. É o desenvolvimento que não esgota os recursos para o futuro”. Porem para se alcançar o desenvolvimento sustentável precisamos de planejamento e do reconhecimento de que os recursos naturais são finitos.
O desenvolvimento não pode ser confundido com crescimento econômico, que depende do consumo crescente de energia e recursos naturais. Esse tipo de desenvolvimento tende a ser insustentável, pois leva ao esgotamento dos recursos naturais dos quais a humanidade depende.
Atividades econômicas não podem ser financiadas em detrimento dos recursos naturais, desses recursos depende não só a existência humana e a diversidade biológica, como o próprio crescimento econômico.
O desenvolvimento sustentável indica a qualidade em vez de quantidade, reduzindo o uso de matérias-primas e produtos e o aumentando a reutilização e a reciclagem.
O desenvolvimento econômico é imprescindível para os países mais pobres, mas o caminho a seguir não pode ser o mesmo adotado pelos países industrializados, mesmo porque não seria possível.
Caso as sociedades do hemisfério sul copiassem os padrões das sociedades do norte, a quantidade de combustíveis fósseis seria insuficiente para o seu crescimento. Ao invés de aumentar os níveis de consumo dos países em desenvolvimento, é preciso reduzir os níveis observados nos países industrializados.
As diferenças entre os países considerados desenvolvidos em relação aos do chamado terceiro mundo mostra a disparidade onde o lado mais favorecido detém quatro quintos dos rendimentos mundiais e consome 70% da energia, 75% dos metais e 85% da produção de madeira mundial.
A história conta que Mahatma Gandhi, ao ser questionado se, após a independência, a Índia seguiria o estilo de vida britânico, este teria dito "...a Grã-Bretanha precisou de metade dos recursos do planeta para alcançar sua prosperidade; quantos planetas não seriam necessários para que um país como a Índia alcançasse o mesmo patamar?"
A profundidade da resposta esclarece parte de nossas indagações, pois indica que os modelos de desenvolvimento precisam urgentemente ser alterados, os estilos de vida das nações ditas ricas e desenvolvidas aliados a economia mundial devem ser reestruturados para atenuar o estrago ambiental e garantir ai sim a vida humana e a preservação da espécie.
Luiz Henrique da Rocha - 24 de julho de 2009.
Comments