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BRASIL SUCATA

  • lhrocha
  • 20 de jan. de 2009
  • 3 min de leitura

BRASIL SUCATA

Irineu Evangelista de Souza, Barão de Mauá e D. Pedro II, no alto de seus piores dias jamais imaginariam que o trabalho em divulgar e ajudar a projetar um transporte para ser o futuro de todas as nações seria levado ao status de “sucata”, justamente em um país de dimensões continentais como o nosso.

Com o desmantelamento e o sucateamento da ferrovia no Brasil nos colocamos mais uma vez na contra mão da história. Aniquilamos as conquistas feitas a base de sangue, ferro, fogo e heroísmo de muitos abnegados e anônimos que com o seu trabalho proporcionaram o crescimento das maiores cidades brasileiras, principalmente no final do século XIX e inicio do século XX.

Imaginem que em 1850, ainda na época do império, fora projetada para o Brasil uma ferrovia que ligaria o Rio Grande do Sul ao Rio de Janeiro, passando por Minas Gerais, porem à primeira estrada de ferro aberta as locomotivas só ocorreu em 1854 e fora batizada como “Estrada de Ferro Petrópoles”.

Mundo a fora o transporte ferroviário vem acompanhando o crescimento tecnológico e trazendo o progresso com um forte veio de sustentabilidade. Em Caxias do Sul o trem chegou em 1910 e é tido como um marco no alavancar da cidade rumo ao crescimento. Já em outras cidades este crescimento durou enquanto a ferrovia teve vida.

Hoje temos vários exemplos de estagnação, de pobreza e de perplexidade ao vermos o que deveria estar equiparado aos mais avançados sistemas de transporte europeus serem meros depósitos de vagões carcomidos pelo tempo.

Não bastasse este verdadeiro desmonte, as rodovias que a partir do final da década de 50 foram colocadas pelos governantes as vistas do povo como “as veias do Brasil”, hoje, conforme estimativas do IBGE literalmente engolem mais de um milhão de toneladas de grãos por ano devido ao péssimo estado de conservação a que se encontram.

Estes números, se transportados para em torno de uma década dão a dimensão da verdadeira catástrofe a que estamos expostos, pois se somadas às perdas consecutivas chegamos a praticamente perder uma safra inteira de grãos a cada década que se passa.

Para agravar ainda mais a situação, a Constituição de 1988 permitiu que as verbas para as estradas fossem transferidas para as verbas de ICMS e com isso o montante foi migrado na sua maioria absoluta para o estado de São Paulo. Uma obra milimetricamente arquitetada nos bastidores do Senado e da Câmara Federal por políticos que em detrimento dos demais estados da Federação, carrearam polpudos incentivos para o estado que teoricamente mais lhe daria retorno nas urnas.

As balanças espalhadas pelas estradas brasileiras servem de vaso para ervas daninhas, em sua maioria os equipamentos foram furtados, as instalações depredadas e a ganância desenfreada faz com que o excesso de peso transportado pelos caminhões destrua as já mal conservadas estradas, isso sem falar que o trânsito, somente nas estradas do Brasil mata por ano mais do que qualquer guerra que esteja ocorrendo neste momento.

Como nos países desenvolvidos, poderíamos conviver harmonicamente com um transporte ferroviário de cargas e de passageiros, com aeroportos modernos dando conforto, comodidade e agilidade nos deslocamentos de grandes distâncias e com rodovias conservadas, modernas e que realmente atendessem as necessidades dos usuários.

Nosso erro... -nosso erro é o de historicamente destruirmos algo para em seu lugar colocar outro que nem sempre é o melhor, ou que nem sempre dá o melhor resultado, ao menos para nós, reles usuários.

Luiz Henrique da Rocha - 20 de janeiro de 2009.


 
 
 

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