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A ROSA

  • lhrocha
  • 19 de nov. de 2002
  • 2 min de leitura

A ROSA

E a rosa desabrochou, abriu-se para o campo ao seu redor como se essa fosse a sua última única alternativa.

E outra, mais outra e mais... outras rosas abriram-se, emoldurando o horizonte, todas com as suas peculiaridades, com o seu perfume característico, com as suas formas delicadas e únicas, umas maiores, outras menores, mas não menos lindas, umas brancas, outras amarelas, muitas outras vermelhas, algumas pálidas, mas nem por isso menos significativas.

E elas vieram, uma após a outra, gotas de orvalho as faziam parecer chorar e o sol lhes fustigava, fazendo-as murchar, a brisa do campo as refrescava fazendo-as renascer tal qual a fênix, os minutos, as horas, os dias... passavam implacavelmente sobre as maravilhosas, perfumadas, alegres e risonhas rosas, dias... dias... mais dias... o tempo, este maravilhoso e ao mesmo tempo assombroso escultor.

Ele passa por nossas vidas como passa sorrateiramente sobre a tênue vida de uma rosa, em pouco ela será ceifada, levada a um vaso, e morbidamente irá declinar-se sobre si mesma, o tempo, este maquiavélico aliado, que mede nossos dias, nossas angustias, nossas esperanças, nossas vidas, ele galopa sobre os campos, sobre nós, sobre nossos dias, sobre nossas cabeças, o tempo esta maravilhosa máquina que não entendemos, que ignoramos e que tentamos inutilmente parar.

As rosas, as rosas... elas vêm todo o ano de uma mesma roseira, enfrentando a impiedosa máquina do tempo, renascendo a cada temporada, a as rosas, como seria agradável, termos a sabe Doria das rosas, à vontade de ressurgir, a altivez de sua beleza, seríamos quase eternos, renascendo a cada ano, trazendo a cada temporada uma nova safra de virtudes, de belezas de perfumes de qualidades, de novidades, de ansiedades... como seria bom se pudéssemos ser tão simples como a curta vida de uma rosa, como se ria bom se tivéssemos a ternura delas, como se pudéssemos representar o que elas representam...

As rosas, o tempo, nós, nossas vidas... finitas, as rosas vêm todas as primaveras, as rosas encantam, as rosas perfumam, e contrariando Cartola, as rosas falam, falam tudo o que pensamos o que não falamos, elas sabem que partirão em breve, mas que na próxima primavera, estarão ali novamente, cumprindo o seu ritual de magia e de beleza, e nós?

Luiz Henrique da Rocha

19/11/2002


 
 
 

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